Ausências




É noite. Chega em casa rendida pelo cansaço. Em vão, abre a geladeira na esperança de iluminar seus pensamentos diante da luz do refrigerador, mas consegue apenas engolir em seco a solidão que lhe rasga a garganta.
Abre a janela que dá para o pequeno quintal de casa e percebe como a noite está linda. A lua, cheia de saudades, testemunha as ausências sentidas. As fogueiras, características do período junino, não conseguem aquecer a alma, tão carente dos sorrisos, dos olhares, dos abraços...
Entra no banheiro, tira a roupa devagar, divagando em seus sentimentos. Demora-se debaixo da água fria como a querer espantar os pensamentos que a atormentam. Veste uma roupa confortável de algodão, perfuma-se delicadamente e cai na cama, como a esperar um alguém...
Ela queria perder-se naqueles braços, encontrar-se naquele olhar, guiar-se por entre aquelas mãos, beber daquela boca, proteger-se naquele abraço, dormir naquele corpo e acordar no sonho que deseja para realidade.
Mas apenas consegue sentir saudades e uma ponta de esperança junta-se as suas dúvidas cruéis, deixando-a confusa. Olha o relógio do telefone celular, que espera ansiosamente pelo toque característico e só ouve o silêncio cortante a falar mais alto.
Rende-se. Fecha os olhos. Adormece.

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As vezes uma brisa, as vezes um livro, as vezes uma música, as vezes um sorriso, as vezes uma lágrima, as vezes tudo, as vezes nada e sempre uma contradição.