Quando a vi pela primeira vez foi simpatia à primeira vista. Seu jeito meigo, sorridente, sua voz mansa a passar o conhecimento com um carinho descomunal foi os primeiros atributos que chamaram minha atenção para aquela mulher com olhar e jeito de menina.
Seu
porte alto, seu jeito britânico com o calor tupiniquim a diferenciava
dos demais professores... Parecia até que ela havia saído de uma
história de contos de fadas e ganhado vida. Eu sempre quis conhecer mais
dessa pessoa que eu começava a admirar. Muito reservada, trazia em seu
semblante a ética e o amor pela profissão exercida e então, passei a
observa-la...
Como contadora
de histórias, queria ouvir, ver, sentir aquela criatura que tanto tinha
para contar. Porém, não foram necessários depoimentos, nem xícaras e
xícaras de café ou madrugadas de conversa para enxergar a pessoa tão
humana que eu tinha como mestra.
Digo
isso, porque certa vez, quando passei por uma situação de paixonite
platônica, usei de seu ouvido amigo para contar o que havia dentro do
coração. Lembro-me como se fosse hoje:
- Professora, você tem um tempinho para me ouvir?
- Claro. - Ela respondeu.
E
quando todos os alunos saíram da sala, sentei-me perto dela e sua
primeira atitude foi olhar dentro dos meus olhos. Jamais vou esquecer
dessa cena. Ela procurou meu olhar e nos olhos dela pude ver escrito:
"Tudo bem, pode confiar, estou aqui para te ajudar".
Contei o que me angustiava, sorri e me senti mais leve. Quando uma lágrima teimou cair, ela carinhosamente a enxugou...
Quando
o semestre encerrou, pedi para acompanha-la como aluna na instituição a
qual ela trabalha, no intuito de aprender na prática o que vi em
teoria. Ela concordou. Foi então que vi as maiores demonstrações de
afeto daquela criatura por seus pacientes. Na primeira vez que cheguei,
quando fui apresentada ao primeiro paciente que seria a porta do meu
aprendizado prático, observei que ela, vendo a limitação do paciente,
escovou os dentes dele com toda presteza do mundo. Outro dia, a vi
penteando o cabelo de um outro e mostrando o espelho para que ele
percebesse como estava bonito. Depois, eu a vi ouvir as queixas de um
terceiro com toda atenção e zelo que as pessoas merecem.
Daí,
percebi que ela não dava apenas aulas repletas de boa didática e que
seus ensinamentos ultrapassavam os limites acadêmicos. Seus ensinamentos
são repletos de exemplos para toda a vida.
A
você, professora Vannessa Almeida, que hoje completa mais um ano de
vida entre nós, dedico minha enterna admiração, gratidão e meu mais
profundo respeito.
Muito obrigada por ensinar sobre a vida!
Muito obrigada por ensinar sobre a vida!