Há tantos que vivem, sem viver um grande amor
Eu que sonhei por tanto tempo em ser livre
Me prenda em seus braços
É o que eu te peço"
Correr, andar, abraçar, tocar, movimentar, sentir, reabilitar... São verbos que a Fisioterapia conhece muito bem. Mas existe um em especial, que rege essa magnífica profissão. É o verbo acreditar. Pois o fisioterapeuta acredita na capacidade do paciente quando nem ele acredita em si mesmo.
É o fisioterapeuta que a exemplo de pais e mães adotivos ensinam o paciente a readquirir sua funcionalidade, sua independência.
É o Fisioterapeuta que acredita que tudo pode ser possível e que ao avaliar o paciente, sente sua incrível capacidade de recuperação.
É o Fisioterapeuta que a exemplo de Jesus usa as mãos para promover verdadeiros “milagres...”
É o Fisioterapeuta quem se frustra quando aquela técnica não foi bem sucedida e se entristece com a falta de fé do paciente.
Mas também é ele quem vibra em cada passo dado, que se alegra com a amplitude de movimento recuperada, que se emociona ao ver o sorriso de seu protegido.
A Fisioterapia não usa fármacos, porque possui amor...
Não usa bisturi, porque possui perseverança...
Não usa anestésicos porque possui sensibilidade...
E com todo o respeito que se deve aos profissionais de saúde...
A Fisioterapia vai onde ninguém consegue chegar!
*13 de Outubro
Dia do Fisioterapeuta.
Não sei porque cargas d'agua a inspiração para escrever me invade quando estou andando de ônibus. Fico a olhar pela janela que me parece mais uma película a rodar e quadro a quadro, as palavras vêem a minha mente e os textos surgem de forma fluida e criativa.
Certa vez, Marcela, jornalista e companheira de trabalho, solicitou a criação de um vídeo e disse: "Com essa antecedência, você terá tempo de sobra para andar de ônibus!" Tá, confesso que é meio esquisito e pior ainda, revelar que começo os textos do final para o início. (Tudo bem, coisa de doido), mas a receita vem dando certo até hoje.
Acho ônibus uma rede social fantástica! Em tempos de orkut, msn, twitter, facebook, sonico (se tiver mais alguma rede aí, me digam) perdemos a oportunidade de conhecer pessoas de carne e osso, de sentir, trocar idéias.
Ao sair do hospital, peguei um coletivo e fiquei a olhar a janela. Em certo momento, o ônibus parou e entrou uma figura fantástica! Pedro Henrique. Moreno, olhos castanhos escuros, tipo mel de engenho, cabelos bem cortados, magro, nariz arrebitado. Quando o vi, notei que seu rosto estava repleto de "pintinhas" características da varicela, popular catapora. De mãos dadas com a mãe, ele sentou ao meu lado e puxei conversa. Para iniciar, perguntei o óbvio: "É catpora?" e ele respondeu: "É." Daí a conversa cresceu ao ponto de eu perguntar se ele estava achando bom essas férias escolares forçadas. Então, dentro de sua inocência, me falou que ainda estava procurando uma escola, porque lá no bairro dele, não havia vaga em nenhuma unidade escolar.
Confesso que ainda fico chocada em saber que crianças estão fora da sala de aula por conta de falta de vagas. Depois de engolir em seco a questão social do nosso Estado que não fornece unidades escolares suficientes para abrigar nossas crianças, amenizei a conversa perguntando o que ele queria ser quando crescesse. "Quero ser doutor". E emendei: "Doutor médico, doutor psicólogo, doutor fisioterapeuta..." ao que prontamente disse que queria ser doutor médico. Sua vontade era ajudar a família com seus estudos. Depois, ele começou a viajar: "Quero ser doutor médico, taxista e fisioterapeuta. Ah! E ainda "dirigir" um avião. Mas se o avião "pifar" eu vou pro céu."Dei uma risada. Não que estivesse me aproveitando disso, mas pela criatividade e ingenuidade infantil. E então, começou a descrever o avião que um dia ele iria pilotar
Depois, ele virou entrevistador: "E você, o quer quer ser?" Não me conti em devolver a pergunta: "O que eu quero ser quando eu crescer?" Ele olhou pra mim e respondeu: "Mas você já cresceu". E o pensamento foi para longe. É verdade, eu já cresci. (Constatação difícil muitas vezes...)Respondi minha trajetória de profissões desde a infância quando eu queria ser professora e cabeleireira, até hoje na fisioterapia.
Enfim, depois de um longa conversa, chegou o momento da partida. Revelei-lhe, que havia sido um prazer conhecê-lo, ao qual muito educado, respondeu-me que gostara muito de nosso "papo".
Ele desceu do ônibus e eu fiquei a pensar...
Como é que nosso país permite que seu futuro fique longe dos bancos escolares, sem a oportunidade de concretizar sonhos? Nesse período decisivo onde nós temos nas mãos a chance de trasnformar o país, fico com a propaganda inteligente que vi na TV esses dias: O melhor candidato às eleições, se chama EDUCAÇÃO.
Sempre que ouço a música "Pai" do compositor Fábio Jr. lembro da minha infância e da felicidade de ter meu pai presente todos os dias em minha vida...
São lembranças tão fortes que ainda consigo sentir o cheiro de graxa e óleo diesel que ele exalava quando chegava todos os dias em casa para almoçar. Ficava à porta de casa esperando aquele homem alto e desengonçado surgir ao longe, branco na pele e preto pelo trabalho, para sair em desabalada carreira para abraçá-lo. Para meu olfato infantil, não havia aroma mais irresistível que o cheiro dele. Era o homem que me protegia, me amava, que me daria a lua, assim eu a pedisse. A criatura mais incrível, mais inteligente da galáxia. O Macgyver da minha vida.
Nunca ousou levantar a mão para me bater... Mas tinha um olhar e um tom de voz que valiam por milhões de surras! Me beijava, abraçava e à sua maneira bronca de ser, sonhava comigo.
A história que envolve meu nascimento foi contada e recontada por ele inúmeras vezes. Por conta de minha sobrevivência, tornou-se evangélico pois viu em meu nascimento um milagre.
A grande escritora Clarice Lispector conta que seu nascimento era a salvação de sua família. Sua mãe, tinha uma doença grave e segundo a crença popular, ela teria que dar a luz a um filho para ficar curada. Clarice nasceu e posteriormente sua mãe faleceu. Ao ler esse relato da escritora, pensei que meu nascimento milagroso manteria meus pais unidos... Acho que falhei em minha missão. - Tá, esse pensamento é digno de uma criança de cinco anos de idade, mas quem nunca foi infantil na vida?
Meu pai não morreu, mas penso que fiquei órfã de pai vivo. Quando ele foi embora de casa, deixou para trás uma adolescente de treze anos. As vezes, quando ele bebia demais, ouvia suas declarações de amor, e tentava pensar que uma consciência alterada pelo álcool costuma dizer a verdade.
Domingo último, foi dia dos pais. Tenho inúmeras lembranças desse dia, todos eles vividos na casa de meu avô. Vestíamos as melhores roupas, para depois sujá-las na terra daquele sítio cheio de doces recordações. E com todas essas reminiscências, passei ferro na roupa, tomei banho, e cada vez essas lembranças ficavam mais fortes. Senti até o cheiro da casa, do sítio, da comida preparada por minha avó.
Mas os pensamentos me acordavam dizendo que esse tempo ficara no passado. Na verdade, estava me arrumando para chegar até a casa do meu pai. Depois de pronta, liguei para ele, perguntado se ele estava em casa, ao que ele respondeu: "Estou em Barreiras bebendo cachaça." Ouvi sua resposta e murchei. Em meio a frustração que me tomava, consegui apenas dizer com voz baixa e triste: "Feliz Dia dos Pais".
Dezessete horas. O expediente termina. Dá os últimos telefonemas e adia o que poderia fazer hoje, para a manhã seguinte, pois sua cabeça não aguenta mais pensar. Dentre as ligações, uma é para a amiga pedindo o refúgio de seus ouvidos. Segue para o lugar combinado e trocam confidências, cada uma, com seus dramas íntimos. Depois de lágrimas e sorrisos, a amiga lhe oferece um café e ela aceita, na esperança de aquecer a alma.
Após as últimas impressões, prepara-se para voltar à sua casa. Olha o relógio e percebe o adiantado da hora. São 22:30. A confidente insiste para a amiga ficar, mas ela prefere refugiar-se dentro de sua casa. Ao sair na rua deserta, o frio a toma de chofre, sente arrepios a correr-lhe todo o corpo. A chuva e o vento, a faz lembrar das noites londrinas, que lera nos romances policiais de sua autora preferida.
Finalmente chega em casa. Rega os vasos de plantas, agora meio murchas pelo seu descuido. Como se esquecesse do frio absurdo, pega a toalha e segue roboticamente para o banheiro, tira a roupa apressada sem querer dar atenção aos pensamentos que lhe vêem a mente. Abre o chuveiro e a sensação térmica da água a faz acordar para a realidade presente. Usa seu sabonete preferido que deixa em seu corpo um perfume suave de banho e limpeza.
Ao vestir-se, deita-se no sofá, divã de suas angústias e tenta ler um livro de poesias, mas não consegue concentrar os pensamentos, então começa a relembrar...
Há algum tempo, entregara a ele um pedaço de papel com um endereço eletrônico. Empolgada com o fato de escrever, queria compartilhar a alegria encontrada na escrita, com o maior número de pessoas possíveis.
Com um leve sorriso, recordara da gentileza dele ao aceitar o pequeno papel e comentar sobre os textos que ela escrevera naquele endereço. E assim foi nascendo uma amizade com trocas de palavras gentis e gestos velados de interesse mútuo.
Assim transcorreu o tempo e numa tarde, ele roubara-lhe um beijo. Suas reminiscências chegaram nos sonhos acalentados por ele... Lar, família, filhos... Tudo o que sua alma tinha de mais caro ele embalou em suas promessas. Porém, algo existia que os impedia de tantas realizações e intuitivamente, ela esperava pelo triste desfecho.
E na penumbra da sala, relembrava todos os pormenores vividos e interrogações lhe vinham à mente. Que queria ele afinal? Porque tantas promessas se sabia que não as cumpririam? Uma lágrima solitária escorre por sua face. Ela não tem respostas. Confusa e ainda sob o peso de suas interrogações, prepara-se para dormir e não consegue conciliar o sono. O livro de poesias agora esquecido, é o único expectador daquela cena.
Finalmente o cansaço a vence e na escuridão da casa, afunda suas angústias, os olhos pesam e ela adormece.
É noite. Chega em casa rendida pelo cansaço. Em vão, abre a geladeira na esperança de iluminar seus pensamentos diante da luz do refrigerador, mas consegue apenas engolir em seco a solidão que lhe rasga a garganta.
Abre a janela que dá para o pequeno quintal de casa e percebe como a noite está linda. A lua, cheia de saudades, testemunha as ausências sentidas. As fogueiras, características do período junino, não conseguem aquecer a alma, tão carente dos sorrisos, dos olhares, dos abraços...
Entra no banheiro, tira a roupa devagar, divagando em seus sentimentos. Demora-se debaixo da água fria como a querer espantar os pensamentos que a atormentam. Veste uma roupa confortável de algodão, perfuma-se delicadamente e cai na cama, como a esperar um alguém...
Ela queria perder-se naqueles braços, encontrar-se naquele olhar, guiar-se por entre aquelas mãos, beber daquela boca, proteger-se naquele abraço, dormir naquele corpo e acordar no sonho que deseja para realidade.
Mas apenas consegue sentir saudades e uma ponta de esperança junta-se as suas dúvidas cruéis, deixando-a confusa. Olha o relógio do telefone celular, que espera ansiosamente pelo toque característico e só ouve o silêncio cortante a falar mais alto.
Rende-se. Fecha os olhos. Adormece.
O castanho dos meus olhos
Encontram o azul daquele olhar
Em palavras não ditas
Que não quis acreditar
Experiências há muito vividas
Me fizeram recuar
Estava bem ali
Na minha frente
O azul daquele olhar
A me pedir um beijo
Que não quis ofertar
Mas o azul daqueles olhos
Marcaram o meu olhar
Pareciam tão sinceros
As contas daquele olhar
Mas o medo foi mais forte
E preferi recuar
Não me arrependo
Daquele beijo
Que não quis ofertar
Porém me marcaram
Profundamente
O azul daquele olhar.
Acho que sou a contradição...
Impulsiva, doce, forte, frágil... O verdadeiro paradoxo da alma.
Previsível e imprevisível, uma caixa de surpresas cheia de medos, dissabores e muitos e deliciosos sabores...
Saborear... Eis o verbo que rege a vida.
Afinal, tudo é sensação que começa na visão e termina no paladar.
A derrota tem sabor de jiló.
A vitória tem sabor de chocolate (acho que é por causa da serotonina liberada)
Tenho a alma cigana, que aspira por liberdade
Mas sou cativa de meus próprios sentimentos
Sou moça de sítio, de banho de rio
Possuo uma menina interior que todos os dias me chama para brincar de roda e andar descalça pelo mundo sob os raios do sol
Sinto saudades da infância (acho que tenho a síndrome de Peter Pan)
Mas também existe dentro de mim uma mulher que adora rosas vermelhas
Que usa salto alto e vai à luta
Que ama e se entrega
Que não existe meio termo: Ou ama ou odeia...
Não gosto de me relacionar pisando em ovos...
Ou entro de cabeça, ou não entro.
Acho que se é pra voltar pra casa depois da meia noite, que seja então às cinco da manhã!
Pinto as unhas de vermelho intenso
Porque intensa, deve ser a vida
E como já foi dito, a contradição me persegue...
Adoro acordar aos sábados e assistir desenho animado!
Poxa, quando é que vou crescer?
Sou dengosa, encrenqueira, gosto de toda atenção voltada pra mim
Mas também sou submissa, procurando apaziguar situações...
Ah, esta bendita contradição!
Porém, como diria o poeta Raul Seixas, “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante”
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