E a menina virou mulher

Se existe um marco na vida de uma menina, é quando ela completa 15 anos de idade. É uma data mágica. Lembra contos de fadas, a borralheira que se transforma em cinderela, o botão que desabrocha na forma da mais bela rosa, a menina que enfim, se transforma em mulher.
Essa nostalgia do debut, me veio ao ser convidada para o aniversário de 15 anos de Camila e Gabriela, irmãs gêmeas que festejaram sua entrada no "mundo adulto" de forma muito tradicional.
A festa, organizada com o mais fino primor, tinha ares de antigo aliado ao contemporâneo, castelo com ares de boate, Dj com jeito de orquestra, globo de luz lembrando lustres raríssimos.
Em um dado momento, a música foi silenciada e a mestre de cerimônia fez a leitura de um texto que exprimia exatamente o que era completar 15 anos. E então, nobres cadetes e suas quinze damas entraram pelo salão lindamente decorado e tracejado por um tapete vermelho. Ajoelhados, os cadetes viram o desfile das aniversariantes e logo após, as donas da festa passaram por um corredor formado por espadas que se cruzavam, como a batiza-las para a entrada de um novo mundo.
Ao decorrer da cerimônia, o laço de fita foi trocado pela tiara de brilhantes, o vestido de babados, trocado pela roupa de gala, a sandália infantil, trocada pelo salto alto e finalmente, a boneca trocada pela maquiagem.
Exatamente ali, lembrei do ano em que debutei. Não houve festa, valsa, cerimônia. Confesso que o tempo passou e de repente eu já estava completando 15 anos. Era uma adolescente que por obrigação, cresceu antes do tempo. Tive que encarar a realidade bem antes da cinderela aparecer.
E como toda mocinha que se preze, experimentei um mundo de sensações, sentimentos, paixões arrebatadoras que só uma menina nesta idade sabe como é. As dores, nessa idade parecem maiores do que realmente são e a vida acaba no momento em que se "paga um mico" básico. Acredito até que o adolescente seja uma hipérbole.
Lembro que ganhei uma caixinha de música que tocava uma melodia triste, mas se perdeu no tempo e na tristeza dos momentos ruins e uma boneca de porcelana que tenho até hoje. As vezes, olho a boneca e volto ao passado. Recordo erros, os muitos erros e os acertos que não foram tantos assim. Muitas vezes, é lá que me escondo, na segurança e quietude do que passou.
Depois acordo, volto ao presente e vivo a realidade das minhas escolhas, do "destino" que eu mesma fiz.
Arrependimentos? Tenho sim e muitos. Quem não os tem? E se eu voltasse no tempo o que eu faria? Confesso que tudo outra vez.

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As vezes uma brisa, as vezes um livro, as vezes uma música, as vezes um sorriso, as vezes uma lágrima, as vezes tudo, as vezes nada e sempre uma contradição.