Operação Cinderela


Semana passada, ainda no período das férias da faculdade, fui convidada pelo professor de ortopedia para compor o departamento médico, na condição de estagiária, da Liga Norte/Nordeste de Desporto Universitário que aconteceria na capital alagoana. Então, fomos Laura, Isabela, Samara e eu para a reunião onde seriam dadas as instruções do que deveríamos fazer.

No dia seguinte, começaram os jogos e como estava na rádio pela manhã, fui a tarde para a quadra de futsal, no Jacintinho, para exercer a função que me foi confiada. Todas nós ficamos no mesmo local e como estávamos hospedadas na casa da Laura, ao encerrar o evento, fomos sorridentes e felizes para casa.

Depois do jantar, começamos a conversar e Isabela e Samara, começaram a vamos dizer assim, abusar da minha paciência... Fui dormir chateada e elas de consciência pesada, foram me pedir desculpas e o que acontece? Ao tentar o abraço caloroso, as gracinhas, fofinhas e lindas, quebraram meus óculos! Tudo bem, que eles estavam debaixo do lençol e elas não viram, mas o fato, é que a lente ficou partida em 3 pedacinhos.

Quando vi aqueles pedacinhos na cama, soltei um desabafo: "Poxa, me arrependi de ter comparado meu guarda-roupas!" É... eu sei... desabafo de pobre, mas fazer o que, né?

No outro dia, eu teria que ir ao hospital onde estou estagiando. A questão era: Cega, como eu ia pegar o coletivo? E a saga começou. Cheguei no ponto, olhei para a moça ao lado de olhos quase fechados e fazendo uma meia careta, e perguntei? "Moça, que ônibus é aquele? É que eu quebrei os óculos ontem a noite..." e começava a discorrer sobre o drama.

Enfim, cheguei ao hospital e a primeira coisa que a professora observou foi a falta de minhas muletas ópticas. Ler o prontuário então, era um tormento. Mas, cheguei e saí de lá viva, o que é importante, para quem não enxerga.

Na sexta a noite, recebo uma ligação do meu chefe: "E aí, senhorita Guedes, já está pronta?" Botei a mão na cabeça e pensei: "Putz, a formatura do filho dele, e a gora?" O fato, é que eu não havia levado roupa, nem calçados apropriados para a ocasião e aí, começou a bendita operação Cinderela...

Laura foi vasculhar o guarda-roupas para ver se encontrava alguma coisa que coubesse em mim. E depois de muita luta, encontramos um vestido preto que serviu. Roupa escolhida, chegou a hora do dilema: O que eu iria calçar. Afinal, meu tamanho é 39. Isso mesmo, 39 quase 40! Queriam o quê? Uma mulher de 1.70m calçando 35?

Depois de ligar para uma outra amiga, resolvi calçar a sandália da Laura que usa tamanho 37. Sinceramente, desafiei as leis da matemática, geometria... Com jeitinho todo brasileiro, coloquei a sandália no pé e sinceramente, entendi como uma gueixa se sente...

Chegou a hora do cabelo. Nessa hora, a mulher quase enlouquece, porque o cabelo é o calcanhar de aquiles de qualquer alma feminina. Não adianta uma produção legal se o cabelo tá pedindo socorro. E Isabela entrou em ação. Só que em um determinado momento, quando ela estava escovando minha franja, eu fui sentar e o que aconteceu? Esqueci que atrás eu sou cega de nascença e caí feito uma jaca. Que cena! Seria famosa nas vídeo cassetadas!

Depois de tudo pronto, fui à festa. Estava tudo muito lindo. Mesmo sem enxergar lá muita coisa, observei uns gatinhos dando sopa... Cega, pero no mucho. Me diverti como há tempos não fazia.

E quando tudo estava maravilhoso, meu pé pediu socorro, sinalizando que era a hora da Cinderela pegar a carruagem e voltar pra casa.


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As vezes uma brisa, as vezes um livro, as vezes uma música, as vezes um sorriso, as vezes uma lágrima, as vezes tudo, as vezes nada e sempre uma contradição.