A tampa da panela


Certo dia, resolvi ir ao cinema, para ver Um sonho possível, estrelado por Sandra Bullock, o qual lhe rendeu um Oscar de melhor atriz. Cheguei duas horas antes da sessão e fui comer um pastel chinês. Aliás, gostaria de abrir um parêntese sobre este fato. Nunca, em toda minha vida, comi um pastel chinês, com recheio devidamente oriental. De internacional mesmo, encontrei dentro da iguaria, a italiana pizza. Porém me contentei com o sabor tupiniquim de banana. Depois de comer o pastel chinês mande in Brazil, me dirigi até a bilheteria e para minha tristeza, o filme havia saído de cartaz. Após minha tentativa frustrada, saí andando pelas ruas da capital alagoana. Gosto de andar a pé. Se eu estiver preocupada, feliz ou intrigada, gasto as solas da rasteira divagando sobre meus sentimentos. O perigo é ser atropelada.
Caminhei tanto, que quando dei por mim, estava em frente a um hipermercado que fica ao lado da faculdade onde estudo. Meu estômago sinalizou que precisava abastecer e eu entrei, para “forrar” o bichinho.
Depois de “alimentada” com uma pizza brotinho, uma esfiha, um pão de queijo, e um refrigerante (perceberam como foi tudo ligth?) fui ver a sessão de livros. Amo ler, embora, não tenha lido nem a metade de livros que estipulei para minha vida. Fui namorar o livro do Wagner Homem, onde ele relata as histórias das músicas de Chico Buarque, misturando fatos históricos da época em que o Brasil vivia a Ditadura Militar. Namorei também José Saramago, Jorge Amado, e Chico Buarque. Sim, porque o livro Leite Derramado estava exposto na prateleira.
Em um dado momento, lembrei daqueles conselhos das revistas femininas que “organizam” a vida das solteiras: “Uma locadora, uma livraria, é o lugar perfeito para encontrar um par...” Bem, só se for um par de traças para roer os livros, porque eu nunca vi coisa tão difícil que encontrar a cara metade.
Não é que falta homem no mundo. O fato é que qualquer um a gente encontra ao virar a esquina. Tem qualquer um no churrasquinho, no caldinho, no forrozinho, no pagodezinho, no barzinho... Em todo “inho” tem qualquer um. E antes que me queimem na inquisição, eu adoro forró, gosto de pagode e saio de quando em vez para alguns bares. Mas conhecer alguém é muito mais que ir a um show e depois de alguns olhares, beijar na boca. Homem precisa conversar, querer conhecer e não perguntar se eu quero uma cervejinha (a saga do “inho” continua). Precisa ser inteligente e não estou falando do Bil Gates, precisa ser bem humorado, e não me refiro ao Jim Carray.
Imagina um delivery chegando lá em casa: “Foi aqui que encomendaram um namorado alto, inteligente, bem humorado, compreensivo, leal, romântico, amigo, com dom de ouvir uma mulher nos dias de TPM e ainda goste de discutir a relação?” (Nome do filme: Um Sonho impossível.)
Posso até estar pedindo demais. Porém, mulher gosta de ser ouvida, de conversas inteligentes, bom humor agregado ao charme. Mulher gosta de carinho, de ser bem tratada, de ter seus limites respeitados. E nem falo de beleza. Porque esta é muito subjetiva. Para mim, beleza é um conjunto de tudo que já foi dito. O moreno alto, bonito, e sensual, é um estereótipo de alguém que sinceramente, não faz parte dos meus sonhos. Gosto dos normais, com algumas assimetrias, com uma barriguinha saliente mas que tenha o cérebro malhado. Pessoas de verdade que não estão nas capas das grandes revistas, mas que são número um na publicidade do coração. Não falo de almas gêmeas, porque já passei dessa fase. Falo de sintonia, de olho no olho, de cumplicidade. Artefatos raríssimos hoje em dia.
Depois de namorar tantos homens na prateleira do hipermercado, cada um com sua peculiaridade, voltei sem nenhum deles nas mãos e imaginando o dia de encontrar a tal tampa da panela e que pelo amor de Deus, ele saiba pelo menos, cozinhar!

2 comentários:

Anônimo 8 de maio de 2010 às 14:12  

Toda panela nova se encaixa com perfeição na tampa, mas com o tempo, com o uso, incorreto e apressado, principalmente, você descobre que para a comida ficar boa novamente você vai ter que deixar uma beiradinha para o ar sair, a panela ganha um amasso, a tampa perde o cabo e elas já não se encaixam tão bem.... rsrsrsrs!

Na verdade, eu até acredito, eu quero acreditar, eu preciso acreditar!

Beijo amiga... Sou teu fã!

Anônimo 11 de maio de 2010 às 01:34  

Eita tampa da panela difícil de se encontrar...=o...amei Debrinha..aliás todos os textos me levam a refletir..bjooo minha amiga linda...

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As vezes uma brisa, as vezes um livro, as vezes uma música, as vezes um sorriso, as vezes uma lágrima, as vezes tudo, as vezes nada e sempre uma contradição.